domingo, 9 de dezembro de 2012

Porque deve dar ao seu gato uma ração de qualidade?


As rações para gatos não são todas iguais? Qual o critério para escolher uma boa ração? O meu gato gosta desta, por isso é adequada?

Durante décadas acreditou-se que as rações secas industrializadas eram responsáveis por induzir a formação de cálculos urinários (a “pedra” nos rins), o que favorecia o aparecimento de doença do trato urinário inferior em gatos domésticos. Hoje sabe-se que não é bem assim… Os estudos mais recentes apontam um facto: a manutenção do pH urinário num valor ácido (inferior a 6,4, pois acima deste valor de pH começas a formar-se cristais) contribui para evitar a precipitação de cristais, logo, a formação de cálculos urinários.
Como se consegue manter o pH urinário nestes valores ácidos? Fundamentalmente, respeitando dois factores:

1 - Fornecer uma ração rica em proteínas de origem animal:
Animais alimentados basicamente com dietas ricas em proteína de origem animal tendem a produzir uma urina ácida; em contrapartida, animais alimentados com dietas ricas em cereais e vegetais, de um modo geral, tendem a formar uma urina alcalina”.
Portanto, não se deixem enganar pelo aspecto da embalagem da ração, pelas frases feitas que lá aparecem escritas ou por algum vendedor que vos tente convencer dizendo “se os gatos gostam e comem, é porque a ração é boa”…aliás, há várias formas de se dissimular uma ração má de modo a baralhar o olfacto exímio de um felino, há marcas que “banham” a ração de modo a ficarem com um aroma apelativo para os felinos. Bem, o que interessa fundamentalmente é olhar para o rótulo! Qualquer produto, seja para consumo animal ou humano, seja um alimento ou um creme para hidratar a pele, respeita a seguinte regra: os ingredientes estão descritos de forma decrescente, ou seja, do que se apresenta em maior quantidade para o que se apresenta em menor quantidade. Portanto, a ração do vosso gato deve ter como primeiro ingrediente da lista carne. Ou peixe. Ou proteína de origem animal. Nunca cereais!
Há rações que começam por “carne e subprodutos”; atenção, algumas têm mais subprodutos do que carne!!!! E o que são os subprodutos? Ossos, pele, cartilagens e até penas de aves!!! Percebem porque muitas rações de marca branca têm aspecto de cartão?! Penas, meus amigos…

2 – Deixar a ração à discrição do seu gato (atenção, se o seu animal tiver excesso de peso, pode não ser bem assim…fale com o veterinário!):
Os gatos que comem mais vezes, pequenas porções, tendem a formar uma urina menos alcalina. A explicação mais científica, para quem tiver interesse: “Sabe-se que a alimentação ad libitum resulta em onda alcalina pós-prandial de menor magnitude quando comparada à alimentação sob a forma de refeições diárias menos frequentes. A onda alcalina pós-prandial ocorre em consequência da secreção gástrica de ácido clorídrico quando da ingestão do alimento. Quanto mais intensa for a secreção gástrica com perda de ácidos para o lúmen intestinal, maior será a compensação orgânica, com a eliminação de bicarbonato via rins, o que determina a formação de urina alcalina”.

Não se esqueçam da água! Sem água tudo o que leu perde o interesse… há que fazer o vosso bichano beber! Dependendo do animal, há várias estratégias. Fontes que filtram a água, disponibilizar água em maior quantidade (o meu Gabriel só bebe da bacia que deixo cheia na casa de banho propositadamente para ele, não bebe do bebedouro) ou abrir a torneira, pois há gatos que não abdicam de beber “directamente da fonte”!
Contra factos, não há grandes argumentos… sou tendencialmente vegetariana, mas eu sou omnívora, o meu gato não! Os gatos são carnívoros, devemos considerar este facto natural na escolha do seu alimento. Caso contrário, com o passar do tempo, vão aparecer os problemas renais. E aí, se gosta do seu amigo, vai gastar muito mais a tratá-lo, para além de que terá de passar quase necessariamente a fornecer-lhe para o resto da vida, uma ração especial para problemas renais, invariavelmente, uma ração muito dispendiosa.

Espero ter contribuído para esclarecer as dúvidas daqueles que me questionam sobre as rações para gato… não sou veterinária, mas a minha formação académica permite-me compreender os artigos que li sobre o tema e discorrer sobre ele. Se algum veterinário detectar alguma incorrecção neste texto que deva ser rectificada, ou quiser contribuir com mais informação pertinente sobre o assunto, agradeço por favor que me contacte.

Os fragmentos transcritos deste texto foram retirados do artigo “Estudo clínico da doença do trato urinário inferior em gatos domésticos de São Paulo”.


domingo, 5 de agosto de 2012

Darwin e os gatinhos

Sou uma admiradora profunda de Charles Darwin. Sobretudo pela sua humildade. A sua famosa Teoria da Selecção Natural pode ser explicada resumidamente da seguinte forma: na natureza, todos os indivíduos de uma espécie apresentam características diferentes (determinadas por genes diferentes); aqueles cujas características os tornam mais aptos a sobreviver no meio onde se inserem têm maior probabilidade de sobreviver, logo, de gerar descendentes e passar-lhes esses genes. Assim, ao longo de todas as gerações, actua a selecção natural. O clássico exemplo das girafas – imaginem duas girafas, uma com o pescoço mais comprido, o que lhe permite alcançar facilmente o alimento da copa das árvores e outra cujo comprimento do pescoço é insuficiente para o fazer; quem sobrevive e passa os genes á descendência?! Aquela cujo comprimento do pescoço lhe permite alimentar-se.
Mas Darwin foi mais longe. Numa época em que seria impensável contrariar-se a ideia de que o Homem foi criado por Deus, Darwin assumiu o que o seu poder de observação e raciocínio de génio lhe mostravam - a selecção natural favorece a permanência das características adaptadas, constantemente aprimoradas e melhoradas. É a evolução das espécies. Novas espécies surgem das antigas. O próprio ser humano é uma consequência desse processo. E aqui reside a grandeza de Darwin, o que o distingue dos letrados supersticiosos e sofistas da sua época – nós não somos mais nem menos do que os outros animais. Descendemos dos macacos. E também nós estamos a ser sujeitos a selecção e evolução; temos ainda vestígios de órgãos que já não usamos para nada e que tendem a desaparecer no futuro, como o apêndice ou os dentes do siso.

Já reparam que quando nasce uma ninhada de gatinhos, há sempre um ou dois mais frágeis? O facto de muitos animais gerarem um elevado número de crias não é mais do que um simples mecanismo de adaptação – havendo mais crias, há mais probabilidade de que algumas sobrevivam; mesmo sabendo que algumas não sobreviverão por nascerem mais frágeis, a natureza sacrifica-os, em prol da perpetuação da espécie.
Estão por todo o lado. Gatos. Gatinhos. Gatos bebés, quantos muito débeis, muitos que morrerão se não forem recolhidos e ajudados. Mas não há possibilidade de recolhê-los a todos… Há e continuará a haver muitos gatinhos e muitos animais que vieram ao mundo para conhecer apenas, na sua curta vida, privação e sofrimento.
Saramago e o cão das lágrimas; na sua obra “O ensaio sobre a cegueira” há um cão que se aproxima da mulher desesperada e lhe lambe as lágrimas; Saramago disse que gostaria de ser lembrado pelo cão das lágrimas, por este personificar a compaixão e por esta ser a melhor virtude do ser humano.
A natureza é absoluta e avassaladoramente insensível. Equilibra o mundo seguindo à risca os conceitos de probabilidade, adaptação e afirmação. O ser humano, filho da natureza, descendente mais ou menos próximo de todos os outros animais, também é capaz de sentir compaixão. Como é possível constatar diariamente tanto sofrimento a que estão sujeitos os animais e não sentir compaixão? Como é possível que mediante a realidade dos cerca de 100 000 animais abatidos nos canis municipais anualmente, ainda haja pessoas a fazer procriação, a explorar animais pelo lucro fácil e, pior, como é possível haver quem os compre? Quantos destes, para depois os abandonarem?
Não fora suficiente a triste selecção artificial encetada pelo Homem, que elegeu ao longo de milhares de anos, acasalamentos entre animais para aprimorar características como beleza, agilidade e uma série de outras particulares por ele apreciadas. Não fora suficiente o mal causado às “raças puras”por essa soberba, tendo estes animais menos saúde que os animais não submetidos a este processo. Não. Nos nossos dias ainda se permite que se trate os nossos parentes como meros objetos que são colocados à venda em sites onde, para além dos animais, só resta tralha…

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Save a Life


Video de agradecimento aos adotantes e a todos os que me ajudaram a ajudar os patudos!
Espero que gostem tanto de assistir ao video como eu gostei de fazê-lo :-)