sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Toxoplasmose - a culpa não é do gato!

É frequente o abandono de gatos pelas futuras mamãs, não só pela falta de informação no que toca à Toxoplasmose, mas sobretudo pelo medo. Recordo-me de uma colega, quando estava grávida, profissional de saúde devidamente formada e informada, me ter contado que se levantou do sofá quando a gata de uns amigos se sentou, no extremo oposto... Como quase sempre acontece, o medo tem a força de se sobrepôr à razão. Contudo, como acredito que a informação é a melhor forma de prevenir estas infelizes situações, deixo-vos algumas informações sobre o tema.


Explicação do ciclo de vida do parasita Toxoplasma gondii:

O gato, hospedeiro definitivo do parasita (é nos gatos e outros felinos infectados pela doença que o parasita se reproduz), liberta através das fezes os oocistos, que, uma vez no solo, água ou plantas, são ingeridos por outros animais, como pássaros e roedores; estes funcionam então como hospedeiros intermediários (aqui, os oocistos vão transformar-se em taquizoítos), infetando o gato quando este se alimenta deles. Os oocistos podem também ser ingeridos por outros animais, como o porco, a ovelha e outros caprinos. Estes são também parasitas intermediários, transmitindo ao ser humano os cistos presentes nos seus músculos, através da ingestão de carne insuficientemente cozinhada.

Outras vias de contaminação do ser humano são a ingestão de comida ou água infectadas pelos oocistos – água ou vegetais provenientes de solos contaminados. A infecção pela carne pode dar-se não somente pelo consumo, como também pela manipulação da carne crua, contato com superfícies de preparação de alimentos, facas e outros utensílios.
O transplante de órgãos ou transfusão de sangue contaminado constituem também vias de infecção. A transmissão vertical, da mãe para o feto, é outra via possivel de aquisição da doença.

O T. gondii, pela sua versatilidade, dependendo do hospedeiro e da via, pode ser infectante em qualquer estágio evolutivo (taquizoítos, cistos e oocistos), fato que amplia muito, em condições naturais e laboratoriais, os riscos de infecção para os animais domésticos e o homem.


O Gato doméstico
O contato directo com gatos que excretaram fezes frescas não é capaz de causar infecção. Normalmente, o gato quando defeca enterra as sua fezes no areão ou num espaço de terra. Geralmente as fezes são consistentes pelo que o gato pode estar doente e, mesmo neste caso, pouco ou nenhum resíduo fecal fica aderido à região perineal e os gatos, em geral, não estão diarreicos durante o período de excreção de oocistos. Por outro lado, o gato é extremamente higiénico e nenhuma matéria fecal se encontra no pelo de animais clinicamente normais (por conseguinte a possibilidade de transmissão para o animal humano através do contacto directo é mínima ou inexistente). Também as mordidas e os arranhões são improváveis vias de transmissão pois dificilmente se encontra o agente infeccioso na cavidade oral de gatos com infecção activa e nenhum em infecção crónica.
Os oocistos libertados pelo gato só ao fim de 1 a 5 dias sofrem esporulação, logo, só ao fim deste tempo se tornam infecciosos.

Patologia no ser humano
No homem, é a principal causa de encefalite nos indivíduos afectados pela síndrome da imunodeficiência imunológica adquirida (SIDA), causando também lesões neurológicas e oftálmicas em crianças expostas durante a vida intra-uterina (se a infecção materna tiver sido antes do início da gravidez não há qualquer perigo, mesmo que existam cistos) e em indivíduos imunodeprimidos. (fonte: Direcção Geral de Veterinária)

Prevenção
A prevenção da infecção de cães e gatos baseia-se principalmente em cuidados com a alimentação destes animais, não permitindo que consumam carne crua ou mal-cozida, prevenindo assim a exposição a cistos teciduais. Os animais devem ser mantidos domiciliados e bem alimentados, prevenindo que venham a caçar roedores e aves que possam estar infectados.
A toxoplasmose no homem deve ser prevenida pela cocção adequada dos alimentos cárneos, pela lavagem das frutas e verduras, assim como dos instrumentos e superfícies utilizadas na preparação dos mesmos.

Nem as pessoas que criam gatos, bem como os veterinários possuem um risco significante maior de adquirir a toxoplasmose do que a população em geral, o mesmo valendo-se para gestantes e pacientes imunodeprimidos. Assim, esta população não deve ser afastada dos seus animais. As precauções são simples, consistindo na remoção das fezes dos felinos diariamente, prevenindo a esporulação de possíveis oocistos no convívio humano, tarefa que não deve ser realizada por gestantes e pacientes com imunodepressão. Devem ser utilizadas luvas sempre que sejam manipuladas as fezes dos gatos, assim como nos procedimentos de jardinagem.

Precauções na gravidez
Não existem exames que detectam se os gatos possuem ou não o protozoário Toxoplasma gondii; As mulheres grávidas devem evitar o contato com fezes de gatos, pois estas podem conter oocistos, não ingerir água de origem desconhecida e sem estar fervida, nem carne crua ou mal cozida durante a gravidez. (Fonte:http://www.hospvetprincipal.pt/toxoplasmose.htm)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Declaração sobre Circos com Animais de Nuno Markl

Caros seguidores, confesso que não tenho tido muito tempo para escrever sobre os inúmeros temas que ainda desejo explorar neste blog. Por isso vou aproveitar e deixar-vos uma belíssima crónica de Nuno Markl. Apreciem!

"Há algumas semanas, num dia soalheiro, junto à Marginal, um circo encarregou-se de me estragar o dia. Mas isso é o menos, um dia estragado, para mim, será sempre uma coisa relativa quando alguém tinha o dia (ou, melhor dizendo, os dias) muito mais estragados que o meu.

Um dromedário debatia-se com uma chocante falta de espaço, encafuado dentro de uma jaula, sem saber o que fazer ao longo pescoço. Uma vida sem sentido, enfiada mal e porcamente numa caixa. Como um brinquedo, mal arrumado dentro de uma embalagem pequena demais.
Chamem-me esquisito, mas eu tenho esta ideia de que não é suposto um dromedário estar em Carcavelos, ao pé da Marginal. Muito menos amarfanhado numa jaula da qual sai só à noite, para entreter os humanos da linha de Cascais.

Como este dromedário, há muitos outros animais - grandes, pequenos, selvagens, domésticos - transformados em bonecos de corda confusos e tristes, em circos espalhados pelo país.

E sim, eu já fui criança e preparo-me para ser pai. Sei o quão apetecível é a perspectiva de estar perto de animais extraordinários e vê-los levar a cabo feitos impensáveis.
Mas os verdadeiros feitos impensáveis destas criaturas são os que eles levam a cabo todos os dias nos seus habitats naturais, de onde, em muitos casos, estão a desaparecer. A
 maneira como sobrevivem, como se organizam, como levam as suas vidas em liberdade e sem que haja um ser humano desumano a obrigá-los a fazer habilidades à força do chicote.
Há tanta gente a queixar-se que Portugal é um país eternamente atrasado, que é um país que não anda para a frente; sem dúvida que tratar os animais desta maneira abjecta para fins de entretenimento em nada contribuirá para que progridamos. Pelo contrário: isso mantém um dos pés da nação firmemente plantados no passado.

E não é num passado qualquer: a existência de circos com animais e a maneira como tanta gente continua a caucionar essa existência, sejam particulares ou empresas (supostamente modernas, sofisticadas e responsáveis) que continuam a apostar neles, por exemplo, para as suas festas de Natal, é algo que - não tenhamos ilusões e enfrentemos a realidade - faz de nós um país demasiado medieval para o século XXI.

Somos melhores do que isso. Se admiramos os animais ao ponto de querermos que os nossos filhos os vejam de perto e os adorem, ensinemos-lhes que adorar um animal, é ter a consciência de que não é suposto um elefante, um tigre, uma pantera viverem dentro de jaulas num terreno vago ali ao pé de um prédio de apartamentos.

Provemo-nos merecedores de sermos chamados de humanos e civilizados. Sensibilizemos quem tem o poder de impedir que a terrível exploração de animais continue a acontecer nos circos portugueses.

Os circos podem - devem - continuar a existir. Inúmeros circos bem sucedidos, espalhados pelo mundo inteiro, conseguiram provar que um circo sem animais consegue ser ainda mais extraordinário e surpreendente que um circo que segue a via mais fácil e depende deles, arrogantemente, para fazer dinheiro. Um circo sem animais consegue mostrar o engenho humano voluntário de mil e uma formas surpreendentes. E isso é muito mais interessante e estimulante, para adultos e crianças, do que continuar a exibir o engenho animal forçado.

Nuno Markl"

Homens e Animais
A Voz da Razão in Correio da Manhã 09/Maio/2009

domingo, 9 de outubro de 2011

Abrigo para gatos de rua


O meu Gabriel, a certificar a qualidade do abrigo.

Deixo-vos aqui a "casota" que improvisei para os gatinhos que a Cláudia, do Porto, protege.

Assegura alimentação a 3 gatinhos que costumam pernoitar no quintal de uma vizinha, mas tinham muito frio durante a noite.


O esferovite é um óptimo isolante térmico, pelo que se ajusta perfeitamente à necessidade de proporcionar algum conforto aos nossos amigos peludos carenciados.
Tem a desvantagem de não ser propriamente discreto para ser colocado na rua, mas quando possível é, sem dúvida, uma opção fácil e económica.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Adoção responsável

Resgatar um animal da rua e dá-lo para adoção requer algumas precauções. Uma adoção por impulso, de alguém que não está seguro da sua opção de ter um animal de estimação, pode resultar em abandono ou negligência para com o animal. Pessoalmente, tento sempre certificar-me de que a pessoa que recebe o animal é um bom adotante.  Quando damos um animal deixámos de ser nós a garantir que vive condignamente, restando-nos confiar na pessoa que o adota. Por isso nunca é demais questionar, pedir ao adotante que nos envie fotos do animal periodicamente e fazer o adotante assinar um termo de adoção responsável. Peça à pessoa que o devolva se não se adaptar ou se se arrepender – assim minimiza o risco de que o animal que deu seja abandonado.

Aqui ficam alguns conselhos:

1 - É bastante comum as pessoas procurarem um animal para oferecer a outra pessoa. Deve sempre falar diretamente com a pessoa que vai receber o animal, para se certificar que o deseja realmente adoptar. Um animal nunca deve ser um presente surpresa.
Nunca entregue um animal a uma criança ou menor sem o consentimento dos pais.


2 - Pergunte ao futuro adotante se vive com outras pessoas e se estas também desejam receber o animal. Deve tambem informar-se se há alguém em casa que seja alergico a cães ou gatos.

3 – Certifique-se que o animal não terá acesso ao exterior desacompanhado. Atropelamento, lutas com outros animais e contágio de doenças são motivos que bastam para não se permitir que um gato ou um cão andem a passear sozinhos.

4 - Os gatos e cachorros vão, na maioria das vezes, causar alguns estragos como arranhar sofás ou roer objetos, correr pela casa ou saltar para cima de camas e deixar pêlos...
O futuro adotante deve ter consciência que ter um animal não é o mesmo que ter um peluche ou um cão de loiça.

5 – Pergunte à pessoa se tem outros animais; se a resposta for positiva, pergunte se está esterilizado e se tem conhecimento de como sociabiliza com outros animais.

6 – Indague sobre a capacidade que a pessoa tem de proporcionar ao animal tratamentos veterinários caso necessite, bem como alimentação de qualidade razoável.


7 – Caso o animal não esteja esterilizado, combine com o adotante a altura em que deve ser feita a esterilização.  Se se tratar de um animal de raça pura pode estar perante alguém que pretende fazer criação para vender.
Por outro lado, um animal não esterilizado tende a fugir para a rua na primeira oportunidade que tiver, bem como a marcar território (gatos). Uma vez mais não se esqueça de pedir ao adotante que assine um termo de adoção responsável (ver coluna lateral) onde se compromete a esterilizá-lo. 

Se encontrar alguém que não compreenda e se sinta incomodado com a sua meticulosidade, então essa pessoa não será um bom potencial adoptante.

Nunca deixe alguém fazê-lo sentir que lhe está a fazer um favor ao adoptar o animal.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ode ao gato (Pablo Neruda)

Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, voo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.
O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento ao rato vivo,
da noite até seus olhos de ouro.
Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma só coisa
como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de um navio.
Seus olhos amarelos
deixaram uma só
ranhura
para jogar as moedas da noite.
Oh pequeno
imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.
Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um
desaparecido veludo,
seguramente não há
enigma
na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertences
ao habitante menos misterioso,
talvez todos o acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gatos, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos
do seu gato.
Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço ao gato.
Tudo sei, a vida e seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica,
o gineceu com seus extravios,
o por e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casaca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
o seu olho tem números de puro.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Dedico este poema ao meu amigo gato Lua-Cheia, preto de olhos redondos amarelos como a lua...já não te vejo há muitas semanas, não sei de ti, mas tenho saudades do teu ser carinhoso e da tua presença reconfortante, quando te dava comidinha, todas as noites...

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Passar ao lado...

"Poderia chamar-se Mike. Beagle. Ou Bobby...Mas não se chamava. Quando se aproximava das beatas da rua, crente de que lhe dariam um pouco de comida, chamavam-lhe simplesmente vadio.

Tenho uma amiga invisual que tem um gato cego. Talvez seja esse o verdadeiro significado da palavra "empatia". Se calhar por isso é que o cão e o sem-abrigo se aqueciam um ao outro quando o frio cortante do inverno teimava em não os deixar dormir.

Não sei porque me lembro disto. Lembro-me de um dia o sem-abrigo me pedir esmola e eu nem sequer para ele olhar. Não lhe disse que sim, nem lhe disse que não. Simplesmente ignorei-o.

Não sei porque porra é que me lembro que o sem-abrigo se cobria com um cobertor castanho com uma risca beje.

Sinto um nó na garganta. Não percebo porque não me dão mais comprimidos para dormir, para me afastar estes pensamentos.
Reina aqui um silêncio de morte. E eu só me vem à cabeça os olhos tristes do cão.

Vou morrer. Os médicos dizem que vou partir em breve, é como se os meus pulmões fossem um resto de madeira carbonizada por um incêndio florestal. Mas não me dói nada, deve ser dos comprimidos...
Só sinto o frio que o cão sentia, a fome que o cão sentia. A solidão.
Não sei porque é que as enfermeiras já não aparecem quando chamo. Queria pedir-lhes um comprimido para o nó que me está a apertar a garganta..."

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Compre um livro, ajude um animal!

Não tenho tempo nem jeito para fazer peças de artesanato, que poderia tentar promover para ajudar os animais. Por isso lembrei-me de colocar aqui uma lista de livros - todos eles usados, mas em bom estado - à disposição de quem os quiser adquirir pela singela quantia de 5 patinhas, com portes incluídos. Os 5 ronrons reverterão na totalidade para uma associação de ajuda animal.
O valor de um livro reside no seu conteúdo, pelo que o usufruto de um novo ou usado é semelhante. Espero que encontre algum que vá de encontro às suas preferências, pois estará ao mesmo tempo a ajudar os animais.


Se desejar encomendar algum livro, deverá proceder da seguinte forma:

·  Enviar-me um e-mail a indicar o livro que escolheu (soniamarinho@ymail.com)
·  Depois de obter a minha resposta a confirmar que o livro se encontra disponível, transferir o montante para o NIB da associação que escolheu ajudar
·  Enviar para o meu e-mail o comprovativo da transferência bancária, indicando-me a morada para a qual enviarei o livro

Deixo aqui o NIB de três associações, como sugestão, por me parecerem associações muito necessitadas de ajuda financeira. Contudo, poderá ajudar a associação que preferir!

Associação dos amigos dos animais de Albergaria - 0010 0000 3960 1140 0012 8

Associação dos amigos dos animais de Santo Tirso - 0033 0000 4538 6132 7730 5

Associação Saquetas de Rua - 0035 0358 0000 5062930 46

Gatil Bastet - 0035 0995 0058 0486 2300 6


Lista de livros disponíveis:
A natureza está louca (super interessante)
A tentação do milagre (Michael Cordy)
Algumas distracções (Francisco José Viegas)
As chaves da ciência (super interessante)
Astronomia de A a Z (super interessante)
Ciência divertida (super interessante)
Com a cabeça nas nuvens (Susana Tamaro)

Como água para chocolate (Laura Esquível)
Como ser ainda melhor gestor (Michael Armstrong)
Dormir nú é ecológico (Vanessa Farquharson)
E dizer-te uma estupidez qualquer, por exemplo, amo-te (Martín Córdoba)
Fim de Partida (Samuel Beckett)

Frágil (Jodi Picoult)- NOVO
Inventem-se novos pais (Daniel Sampaio)
Ninguém me seguirá (Nadine Gordimer) - NOVO
Nós as mulheres 2 (Maitema)
O Crepúsculo dos Vampiros (Sebastian Rook) - NOVO
O Deus das pequenas coisas (Arundhati Roy)- adquirido pela Silvina Ferreira, a favor do Gatil Bastet
O livro das origens (super interessante) - adquirido pela Silvina Ferreira, a favor do Gatil Bastet
O Mistério da Légua da Póvoa (Agustina Bessa-Luís)
O Reino do dragão de ouro (Isabel Allende)

O Vencedor está só (Paulo Coelho) - NOVO
Os contos de Beedle o Bardo (J.K. Rowling)

Quem mexeu no meu queijo (Dr. Spencer Johnson)

Queridos Gatinhos (Helen Exley) - adquirido pela Ana Paula Nogueira, a favor da Ass. Saquetas de Rua
Reis e Presidentes de Portugal (Super interessante) 4 volumes, 10 patinhas
Susana em lágrimas (Alona Kimhi)
Tão veloz como o desejo (Laura Esquivel)
Tudo o que temos cá dentro (Daniel Sampaio) - adquirido pela Silvina Ferreira, a favor do Gatil Bastet


O Miguel Ângelo ofereceu as 5 patinhas à Ass. Saquetas de Rua, mas deixou o livro escolhido disponivel para ser vendido novamente. Obrigada!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Vegetarianismo – parte 1 (será que precisámos de comer animais?)

“Tempos virão em que os seres humanos se contentarão com uma alimentação vegetariana e julgarão a matança de um animal inocente como hoje se julga o assassino de um homem”. Não obstante a diversidade de talentos deste génio histórico, Leonardo da Vinci não previu um futuro próximo. Infelizmente, nos nossos dias, os animais são chacinados pelo ser humano, sem que a matança seja considerada nada mais do que…normal. É normal matar animais para fazer casacos e carteiras de pele, é normal matá-los para testar cosméticos, é normal matá-los para comer, é normal matá-los por desporto (sim, dizem que caçar e pescar é desporto; um dia destes teclar talvez o seja também, oficialmente…). É normal. Não é crime. Então não temos que comer? Os animais também se comem uns aos outros!

Mas, será que precisamos mesmo de ingerir produtos de origem animal para sobreviver?

Vitamina B12 encontra-se apenas presente nos produtos animais, mas essa carência pode ser suprida pelo consumo de ovos e laticínios (os veganos não consomem estes alimentos). Quanto à presença de vitamina B12 nos alimentos de origem vegetal, ela não está propriamente presente em quantidade suficiente, nem de forma disponível. Alimentos como o tempeh, o miso, o molho de soja, o leite de soja , as algas marinhas e a spirulina têm a reputação de conterem vitamina B12, no entanto, não é a verdadeira vitamina B12 mas sim um análogo não activo (corrinóide não cobalamina). São substâncias similares mas que não funcionam da mesma forma no organismo. Para os vegans se certificarem de que ingerem a quantidade adequada de vitamina B12, devem consumir com regularidade (diariamente) suplementos comprados nas farmácias ou alimentos que foram enriquecidos com essa vitamina (verificar no rótulo dos alimentos).

Antes de ler o livro “comer animais” de Jonathan Safran Foer (JSF), não conseguia perceber porque é que alguns vegetarianos – os veganos -  optavam por não comer ovos e laticinios, parecia-me um exagero. Se não fosse do foro das suas escolhas pessoais, atrevia-me mesmo a pensar que era fundamentalismo. Mas não. As razões éticas que sustentam a opção de não comer carne, justificam a de não ingerir estes alimentos. Não vos quero maçar. A vós que fostes culturalmente moldados para ingerir carne e peixe e cuja apetência pelo palatável bife (temperado, não estou a insuar que vós salivais quando vêdes um bife a pingar sangue no talho) impede sequer de continuar a ler este texto sem me insultar até à exaustão, quanto mais de sequer pensar em deixar de comer carne. Quem quiser saber mais pode ler o livro (se quiserem eu empresto, mediante pagamento de um saco de ração para alimentar os gatos de rua). Eu só consegui até à página 60. Não sou uma pessoa extremamente sensível, mas a crueldade dos factos descritos já não me deixava dormir. Os veganos certamente não entendem bem porque é que as galinhas poideiras são engaioladas em jaulas pouco maiores do que o tamanho do seu corpo e obrigadas a viver toda a sua vida sentadas a pôr ovos. Não percebem porque é que os pintainhos machos das galinhas poideiras são amontoados uns em cima dos outros, morrendo os que estão por baixo por asfixia e os que ainda estão vivos triturados. Isto porque não são “galinhas de carne”, são poedeiras e os machos não põe ovos. Vou parar por aqui. Não vos maço mais. Foi só aproveitar 2 minutos para destilar o meu repúdio porque eu, que não sou vegana mas espero conseguir vir a ser, também não percebo.
Sem fugir ao cerne da questão, e porque o texto já vai longo, não se deixem enganar por quem diz que os vegetarianos consomem deficientemente proteínas. A American Dietary Association afirma que os vegetarianos tendem a ter um balanço melhor de proteína.

Carl Lewis

É sabido que os atletas de alta competição necessitam de ingerir mais proteínas do que o normal. Carl Lewis, ex-atleta dos Estados Unidos, conseguiu 10 medalhas olímpicas, nove das quais de ouro e 10 medalhas nos campeonatos mundiais de Atletismo, oito das quais de ouro. Vegetariano. Não vale a pena citar mais atletas que não precisam de se alimentar de animais para cortar a meta – teria de fazer uma vasta lista e o exemplo do Carl ilustra bem.
Todos os outros nutrientes que vos disserem que podem faltar a quem não come carne / peixe, são suficientemente aprovisonados por uma dieta vegetariana variada e equilibrada. Aliás, a incidência de doenças como cancro e hipertensão arterial é menor nos vegetarianos, não só pela não ingestão de carne, mas também pelo elevado consumo de anti-oxidantes e fibra.
Para concluir, deixo-vos a resposta de JSF quando lhe perguntaram “O que pensa de pessoas que comem carne?“
“ Eu não as julgo. E eu mesmo faço muitas coisas hipócritas na minha vida. As únicas pessoas que me incomodam são as que dizem não querer saber nada a respeito. Se alguém me diz "eu aprendi sobre o assunto, pensei nele e decidi que quero comer animais", isso é válido para mim.”

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Caça às bruxas

Se há algo que me incomoda são as superstições. Porque alimentam a ignorância. O que normalmente não traz bom resultados… Adiante! Os gatos pretos personificam ainda, em pleno século XXI, uma das mais disseminadas superstições das mentes menos iluminadas – dizem que dá azar!




Vem da Idade Média a crença de que os gatos pretos trazem azar. Foram mesmo incluídos pela Igreja Católica nas listas de seres hereges, perseguidos pela Inquisição, e queimados juntamente na fogueira com as supostas bruxas a quem pertenciam.

Não bastara essa triste época de perseguição felina, o infortúnio inquieta ainda hoje os nossos amigos de pelo preto. São as bruxas dos nossos dias que os procuram. Pessoas ignorantes, dignas da nossa piedade por serem tão pouco abonadas em neurónios funcionais, mas, sobretudo, merecedoras de punição e denúncia. Vamos aos factos. Existem pessoas que pretendem adquirir ou adotar um gato PRETO para sacrificá-lo, geralmente com requintes de crueldade e horror, em rituais de magia negra.

E se não bastasse, há também quem queira gatos BRANCOS para o mesmo propósito. Por isso, todo o cuidado é pouco na hora de ceder um gato totalmente preto ou totalmente branco para adoção.

Aqui ficam algumas dicas para evitar que o animal caia em mãos erradas:

- Apesar de as bruxas laborarem o ano inteiro, há alturas em que estão mais ativas: datas próximas de sextas-feiras 13, dia 31 de Outubro (dia das bruxas), 21 de Junho – (solstício de verão) e 21 de Dezembro (solstício de inverno). Opte por não doar gatos perto destas datas.

- É quase certo que não vão querer um gato castrado. Diga sempre que o gato que tem para doar está esterilizado de modo a observar se o adoptante perde o interesse. Mas atenção, os animais castrados nem sempre são preteridos, por isso todo o cuidado é pouco.

- Não divulgue fotos do gato em que não se tenha a certeza que é, de facto, totalmente preto. Deixe depois escapar, em conversa, que o gato tem uma mancha branca algures, na pata ou na barriga, por exemplo; se não for totalmente preto, certamente não servirá para esses bárbaros rituais.

- Vá até à casa do adotante e observe cuidadosamente tudo. Faça-o assinar um termo de adoção responsável, exija uma cópia do bilhete de identidade e diga que faz questão de fazer visitas regulares nos próximos dias.

(exemplo de termo de adopção na coluna lateral direita do blog)

- Se tiver suspeitas fundamentadas de que alguém procura adotar um animal para o submeter a maus tratos, divulgue os dados da pessoa em questão pelas associações de proteção e adoção de animais (pode começar por avisar a “adopta-me”: info@adopta-me.org).

- DENUNCIE! Sempre presenciar qualquer tipo de maus-tratos contacte as autoridades (http://www.animalife.pt/pagina/13/apresentar-queixa-informacao/).

domingo, 31 de julho de 2011

Ao Sr. Paulo Rangel

Recentemente no seu blog, o Sr. Paulo Rangel, eurodeputado, entreteve-se a vituperiar milhares de cidadãos deste país, à conta destes reivindicarem para os animais alguns direitos que lhes são negados (http://paulorangel2010.blogspot.com/2010/03/os-caes-ladram.html). Ora, se a falta de conhecimento da realidade justifica, a meu ver, a falta de argumentação desse modesto texto escrito pelo senhor em questão, não poderá nunca justificar o insulto e a falta de educação de um cidadão, quanto mais de um politico com representação internacional.
Diz o Sr. Paulo que os defensores dos direitos dos animais “ladram” enquanto a sua caravana passa e que o partido que surgiu recentemente para dar voz a esses animais, pretende “(z)urrar” no parlamento – ao que parece o Sr. Paulo acha que o Parlamento é um lugar para burros, pois sinta-se então à vontade para enfiar a carapuça, com o cuidado de deixar bem visíveis as orelhas para que todos possamos ter bem presente a que espécie é que o Sr. pertence (pena que não seja à dos que estão em extinção…).
Não é o primeiro. Muitos reagiram aos 57849 votos que o PAN obteve, não esquecendo que este partido foi oficializado apenas cinco meses antes das eleições. Num vergonhoso desvio aos valores democráticos, todos estes eleitores e os demais que se revêem nas ideias defendidas pelo partido dos animais (racionais e não racionais) são visados pelos comentários injuriosos dos que, tal como o Sr. Paulo, já não conseguem conviver com a agitação que provocam tantos cães a ladrar. E são muitos … cães e gatos nas nossas ruas sujeitos a maus-tratos indescritíveis por parte de seres humanos menos escrupulosos, ao sofrimento extremo de vários dias sem comer nem beber, ao frio e à doença. Milhares de instituições, associações e particulares deste país procuram combater este flagelo, com entrega e sacrifícios pessoais. Substituem-se a quem teria o dever de o fazer, ainda que sem devoção. A Resolução da Assembleia da República n.º 69/2011 recomenda que o governo promova junto dos canis municipais uma política de não abate dos animais errantes – mas sob a conduta do governo laranja, são diariamente abatidos dezenas de animais nos canis portugueses. Diz a mesma Resolução que devem ser adoptados meios eficazes de controlo de reprodução dos animais, mas são uma vez mais as instituições particulares que estão diariamente no terreno a capturar os animais para os esterilizar, pagar do seu bolso essas castrações, sem ter a quem apresentar a factura. Sabe para quê, Sr. Paulo? Para que haja menos cães a ladrar nas ruas enquanto a sua caravana passa ao lado…vê como afinal até somos seus amigos?!
Sabe, as nossas instituições de defesa animal “exportam” muitos animais para a Alemanha. Animais deficientes que aqui não poderiam esperar mais do que a eutanásia e que lá são recebidos e tratados com dignidade. Nunca se cruzou com nenhum nas suas viagens de trabalho? Não?! Acredito, eles não viajam em primeira classe. E em resposta ao “rendimento mínimo” que diz que um dia destes estaremos a pedir para os pobres peludos, veja o que fazem nos países civilizados, com políticos de nível, a mesma Alemanha, que em tempos de crise aprovisiona a “sopa dos pobres” para os animais cujos donos já não conseguem pagar a alimentação: http://blogdaanimal.blogspot.com/2009/09/alemanha-animais-afectados-pela-crise.html.
Infelizmente não perspetivo a mudança deste triste cenário nos tempos de austeridade em que vivemos, até porque haverá pessoas a quem deve ser dada prioridade. Na certeza, porém, que cabe ao governo zelar pelos direitos de todos os animais. Pela abordagem arrogante e egocêntrica do Sr. Paulo, chego até a acreditar que este desconhece que todos derivamos de um ancestral comum mais ou menos afastado e, como animais que somos, partilhámos com os demais inúmeras características como a capacidade de sentir medo, dor, tristeza e alegria.